Recordações Natalinas


Há alguns anos assisti um filme que se chama: “Sobrevivendo ao Natal”, conta a história de um executivo bem sucedido que apesar do muito dinheiro não tinha amigos ou família, ele então decidi pagar uma família para que o adote como filho durante as comemorações natalinas, para lhe oferecer companhia e diminuir a solidão. O filme retrata de forma cômica alguns temores reais em todo ser humano nesta época do ano.
De certa forma acredito que todos nós recordamos da nossa infância nessa época de final de ano.

Eu tenho boas recordações da minha infância, sempre gostei de natal, da casa cheia, da mistura dos cheiros na cozinha, falatório, brincadeiras, abraços e beijos. Sou de uma família com poucas manifestações de carinho através do toque físico, mas nesta época havia muitos abraços, beijos e declarações de felicidades. Essas memórias me ajudam muito a gostar das festas em famílias, eu amo estar junto com eles, acho que ainda trago dentro de mim a ilusão infantil do mundo perfeito onde tudo dá certo, o que é apenas uma ilusão!

Para algumas pessoas esta época do ano traz recordações não tão boas, é tempo que automaticamente revivem-se algumas dores profundas: a tristeza da rejeição, de frustrações constantes, brigas em casa, violência e abusos diversos, palavras malditas, choro entre outras coisas. Memórias que insistem em aparecer, quando já se achavam mortas e enterradas, mas não estavam.

Há pesquisas que dizem que há um aumento significativo da tristeza no final do ano, há um misto de emoções que são despertados. As festas natalinas são comemorações que sugerem o encontro com a família. Há uma tendência nesses encontros familiares de se evocar lembranças da infância querida que não voltam mais, ou de fatos dolorosos do passado que marcaram a vida para sempre.

A sensação de vazio, tristeza e falta de esperança muitas vezes rondam as pessoas no final do ano. Sem dúvida é um tempo de avaliação e de planejamentos. O que favorece os abusos em todos os sentidos, gasta-se muito, come-se pra valer, fala-se além da conta, instaura-se um ciclo vicioso de ferir e ser ferido.

A reflexão propiciada pelo momento pode nos ajudar a crescer, encarar nossas recordações, afirmar o que foi bom e ruim, dizer o que foi dolorido, não negar e se abrir para coisas novas que estão pra vir e caminhos que se decidir trilhar.

Mike Wells terapeuta americano afirma que “O que ganha sua atenção, ganha você”. Creio que para sobreviver ao natal é preciso seguir essa premissa e focar a esperança.

Se por um momento tirarmos os olhos da nossa história pessoal e buscarmos uma outra história que marcou o mundo de forma significativa, vamos encontrar um menino que nasceu em uma manjedoura, num lugar distante, pobre mas que trouxe novas de grande alegria que enchem o coração.

Antes de qualquer coisa: Natal é a comemoração do nascimento de Jesus, Aquele que é a Esperança. Diz a Bíblia Sagrada que no dia do seu nascimento foi dito o seguinte: "Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura". (Lucas 2:10-12)

Eu não sei quais são as suas recordações, mas quero incentivar você a focar na Esperança. Lembre do que for preciso, admita sua tristeza ou alegria, avalie o que pode ser mudado da sua parte e tenha sua esperança renovada. Que seus encontros familiares sejam momentos singulares, regados de alegria e tristeza próprias desses tempos, mas acima de qualquer coisa, sejam cheios de Esperança!

Feliz Natal!

“Pois tu és a minha esperança, ó Soberano Senhor, em ti está a minha confiança desde a juventude” (Bíblia Sagrada – Salmos 71.5)

Eliane S. Amaral
Assistente Social/Terapeuta Familiar e de Casal

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